quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Ocasionalidades de uma manhã

    Seu Francisco era um velho rabugento de 80 anos, viúvo, morava sozinho e estava acostumado a sua rotina de domingo a domingo. Em uma quinta-feira, como de costume, acordou às 6h, tomou seu banho, vestiu-se e ficou a espera da sua empregada.

O relógio marcou 6:30 e ela ainda não havia chegado. Então, aborrecido por ter sua rotina interrompida, Seu Chico decidiu sair de casa para tomar café. Foi em direção a praça Floriano Peixoto, que é localizada em frente a sua casa. Ao olhar para céu percebeu que estava nublado mas como a panificadora era próxima dali continuou a caminhada. Uma garoa começou a cair e seguiu para a calçada das casas, para tentar se proteger de um possível resfriado. Ao chegar na panificadora, que fica na Av. Antônio Coelho de Carvalho, estava fechada. Ao perceber, Seu Chico resmungou sozinho porém continuou sua jornada mesmo desestimulado com a chuva matinal. 

Praça Floriano Peixoto. Foto: Pablo Hiago 
Seguindo pela mesma rua chegou no canto com a Rua Cândido Mendes. Ao olhar o Mercado Central lembrou-se de sua juventude quando encontrava seus amigos do bairro no Bar du Pedro. Mesmo de longe viu uma cabeça branca e percebeu que era seu amigo de infância, o Seu Antônio. Ao chamá-lo, seu amigo acenou e o chamou para ir até seu encontro; cumprimentaram-se e partilharam novidades. Seu Antônio o convidou para tomar café no Mercado e depois iriam em busca de algum marreteiro para consertar seu relógio. Seu Chico aceitou.
Av. Antônio Coelho de Carvalho. Fotos: Pablo Hiago
Seguindo pela mesma rua chegou no canto com a Rua Cândido Mendes. Ao olhar o Mercado Central lembrou-se de sua juventude quando encontrava seus amigos do bairro no Bar du Pedro. Mesmo de longe viu uma cabeça branca e percebeu que era seu amigo de infância, o Seu Antônio. Ao chamá-lo, seu amigo acenou e o chamou para ir até seu encontro; cumprimentaram-se e partilharam novidades. Seu Antônio o convidou para tomar café no Mercado e depois iriam em busca de algum marreteiro para consertar seu relógio. Seu Chico aceitou.

Pessoas caminhando ao redor da Fortaleza de São José. Foto: Fernando Primo
Após um breve café em uma maloquinha do Mercado seguiram seu rumo. Partiram pela Rua Cândido Mendes; foram conversando e perceberam que mesmo com uma breve chuva haviam pessoas praticando suas caminhadas pela manhã ao redor da Fortaleza de São José; e algo que chamou-lhes atenção foi o aparecimento de vegetação em lugares improváveis. 

Vegetação inesperada. Fotos: Fernando Primo
As ruas estavam com pouco movimento automobilístico e alguns ambulantes seguiam para seus pontos de trabalho. Chegando na Av. Cora de Carvalho dobraram para a direita e entraram na Alameda Francisco Serrano que fica em frente ao posto de gasolina, ‘‘para cortar caminho’’; lá havia uma mistura de prédios residenciais em que as famílias estavam saindo para sua rotina diária e lojas que estavam sendo abertas. Seguiram por toda Alameda e chegaram na Rua Binga Uchôa. 
À esquerda, ambulante indo trabalhar, foto: Fernando Primo. À direita, mistura de casas e lojas na Alameda, foto: Maira Amaral

Família saindo para sua rotina. Foto: Fernando Primo
Pombo vigia. Fotos: Fernando Primo

De lá era possível ver a Fortaleza e o Museu Joaquim Caetano, edificações que foram presentes na vida de Seu Chico e Seu Antônio desde sua infância. Seguiram até a Av. Mario Cruz e dobraram para a esquerda, pelo caminho visualizaram um pombo que estava vigiando e um lixo que distribuía um mal cheiro. Ao longo da avenida era possível ver a Igreja de São José, o Teatro das Bacabeiras e a Praça Veiga Cabral, a qual os dois velhos amigos, quando crianças, se reuniam com os colegas do bairro para uma disputa de quem conseguia juntar mais sementes vermelhas, que caiam das árvores.

Igreja de São José vista pela Av. Mario Cruz. Foto: Pablo Hiago

Dobraram para a direita na rua Cândido Mendes e seguiram para o norte. Ao chegarem na Av. Coriolano Jucá, dobraram para a esquerda e descansaram por alguns minutos em um banco da Praça do Barão; partilharam seu novo olhar pela cidade, do quanto Macapá estava transformada, com novos prédios, novas casas e maior movimento nas ruas. Logo passou um ambulante na frente e Seu Chico que o chamou para comprar água para ele e seu amigo. Após o breve descanso prosseguiram seu caminho até a Rua Tiradentes, a qual eles seguiram. Logo chegaram na Av. Iracema Carvão Nunes, que tomaram como rumo, e reconheceram a Escola Barão do Rio Branco, escola a qual aqueles idosos se conheceram quando crianças. Logo veio à memória as vezes em que apanhavam mangas nas mangueiras ali próximas e quando fugiam no intervalo para jogar bola na Praça do Barão. Lembranças que lhes renderam boas risadas. Seguiram até a Praça da Bandeira, onde se encontrava a barraquinha do marreteiro que Seu Antônio e Seu Chico estavam à procura.
Na despedida, Seu Chico comentou com Seu Antônio o quão agraciado ficou com a experiência de reviver e reconhecer a Macapá de sua infância e juventude. Mesmo com todo o crescimento foi impossível não encontrar suas marcas históricas e não se encantar novamente.

Croqui do caminho percorrido por Seu Chico e seu amigo.


Autoria: Fernando Henrique de Castro Primo
              Maira Roberta Amaral Silva
              Pablo Hiago Alcântara de Veiga Cabral Lopes

Turma: AU 2013


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