segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Tem cidade nessa chuva




Acordar 5 horas na manhã e o que esperar de uma deriva? Não esperar! Permitir, receber... A chuva age como um despertador e a cidade aos poucos acorda, para como nós encarar mais um dia. A caminhada do dia 28 de maio de 2015 permitiu um desvio de rota e de olhar, um olhar sobre a cidade que tem vida e não se limita a ser apenas um cenário, nela chove relações de todo tipo e de diferentes graus de intensidade.




Partimos da Praça Floriano Peixoto, que parece dormir o dia inteiro, então encaremos ruas agitadas como Cândido Mendes e Tiradentes, que normalmente parecem não parar, porém, naquele momento, eram duas ruas brandas e calmas, quase que inofensivas. 






Depois, passamos pela Bingo Uchôa e Coriolano Jucá, que geralmente são portas de entrada e saída rápida, naquele momento, tinham como nosso grupo, seus únicos navegantes. Até chegar à Praça da Bandeira, conhecida pelas suas manifestações e aliada da avenida mais movimentada da cidade, no momento, as duas caladas estavam.






A chuva tão inesperada e jovem permitiu tantas analogias e impressões, porque mesmo que nem em todos os dias ela se materialize, foi visível notar que a cidade é uma chuva de ações, coesões e incoerências, ela por completo chove, pois como a chuva, a cidade tem seus pingos, cada um diferente do outro e oriundos do mesmo lugar.


A deriva permitiu! Encantou e interagiu, sentimos no pisar ao asfalto a diferença entre a pressa e o andar calmo e aberto. A pressa abstêm-se do olhar observador e na deriva urbana notou-se que a cidade é por si só uma deriva, expõem-se aos desvios e em uma curta caminhada ofereceu a indagação de quantos outros caminhos existiam prontos para serem desvendados e causarem sensações diferentes em cada pessoa. 





A cidade mãe, dona do nosso dia a dia tem um valor para cada um, e tem em cada mente seu significado de paisagem, é tão nossa quanto do outro e, por isso, é parte de nós. Macapá é como qualquer outra cidade, um perfeito organismo imperfeito, que como nós, sofre ações de seus membros, tem sua beleza e sua deficiência, e de forma interessante, não é imune às doenças, se projeta em quem a possui, é um mar de terra que pulsa, e por isso tem a capacidade de se reinventar todo dia.





Autores: Ingrid Ferreira, Luane Simões, Marina Torres e Renato Costa.