Acordar 5 horas na manhã e o que
esperar de uma deriva? Não esperar! Permitir, receber... A chuva age como um
despertador e a cidade aos poucos acorda, para como nós encarar mais um dia. A
caminhada do dia 28 de maio de 2015 permitiu um desvio de rota e de olhar, um
olhar sobre a cidade que tem vida e não se limita a ser apenas um cenário, nela
chove relações de todo tipo e de diferentes graus de intensidade.
Partimos da Praça Floriano
Peixoto, que parece dormir o dia inteiro, então encaremos ruas agitadas como
Cândido Mendes e Tiradentes, que normalmente parecem não parar, porém, naquele
momento, eram duas ruas brandas e calmas, quase que inofensivas.
Depois,
passamos pela Bingo Uchôa e Coriolano Jucá, que geralmente são portas de
entrada e saída rápida, naquele momento, tinham como nosso grupo, seus únicos
navegantes. Até chegar à Praça da Bandeira, conhecida pelas suas manifestações
e aliada da avenida mais movimentada da cidade, no momento, as duas caladas
estavam.
A chuva tão inesperada e jovem
permitiu tantas analogias e impressões, porque mesmo que nem em todos os dias
ela se materialize, foi visível notar que a cidade é uma chuva de ações, coesões
e incoerências, ela por completo chove, pois como a chuva, a cidade tem seus
pingos, cada um diferente do outro e oriundos do mesmo lugar.
A deriva permitiu! Encantou e
interagiu, sentimos no pisar ao asfalto a diferença entre a pressa e o andar
calmo e aberto. A pressa abstêm-se do olhar observador e na deriva urbana
notou-se que a cidade é por si só uma deriva, expõem-se aos desvios e em uma
curta caminhada ofereceu a indagação de quantos outros caminhos existiam
prontos para serem desvendados e causarem sensações diferentes em cada
pessoa.
A cidade mãe, dona do nosso dia a
dia tem um valor para cada um, e tem em cada mente seu significado de paisagem,
é tão nossa quanto do outro e, por isso, é parte de nós. Macapá é como qualquer
outra cidade, um perfeito organismo imperfeito, que como nós, sofre ações de
seus membros, tem sua beleza e sua deficiência, e de forma interessante, não é
imune às doenças, se projeta em quem a possui, é um mar de terra que pulsa, e
por isso tem a capacidade de se reinventar todo dia.
Autores: Ingrid Ferreira, Luane Simões, Marina Torres e Renato Costa.